Principais Doenças que Atingem a Soja e Como Controlá-las

A soja é uma das culturas mais importantes do agronegócio brasileiro, com papel fundamental na balança comercial e na alimentação mundial. Porém, sua produção está constantemente ameaçada por diversos fatores, entre eles, as doenças fúngicas, bacterianas e viróticas. Saber identificar as principais doenças que atingem a soja e como controlá-las é essencial para garantir altas produtividades e evitar perdas significativas na lavoura.

Neste artigo, você vai conhecer as principais doenças que afetam a soja, seus sintomas, causas, formas de disseminação e, principalmente, estratégias eficientes de manejo e controle.

Por que é importante conhecer as doenças da soja?

O impacto das doenças na cultura da soja pode ser devastador. Em alguns casos, as perdas ultrapassam 40% da produtividade. Além disso, a falta de controle adequado pode comprometer a qualidade dos grãos, o valor de mercado e a rentabilidade da safra.

A melhor forma de evitar prejuízos é adotando um manejo integrado que envolve:

  • Identificação precoce
  • Monitoramento constante
  • Uso de cultivares resistentes
  • Aplicação de fungicidas no momento certo
  • Boas práticas agronômicas

Vamos agora às principais doenças que atingem a soja e como lidar com cada uma delas.

1. Ferrugem Asiática (Phakopsora pachyrhizi)

📌 Descrição:

Considerada a doença mais severa da soja, a ferrugem asiática é causada por um fungo que ataca as folhas, provocando desfolha precoce e redução drástica na fotossíntese.

❗ Sintomas:

  • Pequenas pústulas marrons na parte inferior das folhas
  • Amarelamento e queda das folhas
  • Redução no enchimento dos grãos

🦠 Disseminação:

Esporos transportados pelo vento, podendo percorrer grandes distâncias.

✅ Controle:

  • Uso de cultivares tolerantes
  • Semear fora da janela de risco (atenção ao calendário do vazio sanitário)
  • Aplicações preventivas de fungicidas multissítios e sistêmicos
  • Monitoramento constante da lavoura durante o ciclo reprodutivo

2. Mancha Alvo (Corynespora cassiicola)

📌 Descrição:

A mancha alvo vem ganhando destaque nas últimas safras e pode reduzir o rendimento em até 30%.

❗ Sintomas:

  • Lesões arredondadas nas folhas com halo escuro e centro acinzentado
  • Padrão de “alvo de tiro” (círculos concêntricos)
  • Avanço para hastes e vagens em casos severos

✅ Controle:

  • Rotação de culturas (milho, sorgo, feijão)
  • Eliminação de restos culturais
  • Uso de fungicidas protetores e curativos, principalmente nas fases R1 a R5
  • Cultivares resistentes quando disponíveis

3. Oídio (Microsphaera diffusa)

📌 Descrição:

Comum em regiões mais secas e frias, o oídio pode causar redução de produtividade e má formação dos grãos.

❗ Sintomas:

  • Pó branco ou cinza na superfície das folhas
  • Encaracolamento e queda das folhas infectadas
  • Diminuição na área fotossintética

✅ Controle:

  • Cultivares resistentes
  • Fungicidas específicos para oídio, como estrobilurinas
  • Monitoramento em lavouras com histórico da doença

4. Podridão de Sclerotinia (Mofo-branco)

📌 Descrição:

Mais comum em áreas com alta umidade e baixa temperatura, o mofo-branco pode atacar também o caule e as vagens, causando apodrecimento.

❗ Sintomas:

  • Lesões aquosas no caule
  • Formação de micélio branco e escleródios pretos
  • Murcha e morte da planta

✅ Controle:

  • Evitar excesso de densidade de plantas
  • Rotação com culturas não hospedeiras
  • Aplicação de fungicidas no florescimento
  • Controle biológico com Trichoderma spp. ou Coniothyrium minitans

5. Mancha Parda (Septoria glycines)

📌 Descrição:

Doença foliar frequente nas fases iniciais da cultura. Causa redução na área foliar e impacta no enchimento dos grãos.

❗ Sintomas:

  • Manchas pequenas de cor parda nas folhas inferiores
  • Evolui para folhas amareladas e secas
  • Avanço gradual da base ao topo da planta

✅ Controle:

  • Sementes tratadas
  • Fungicidas preventivos no início do fechamento das entrelinhas
  • Eliminação de restos da cultura anterior
  • Rotação com culturas não hospedeiras

6. Cancro da haste (Diaporthe phaseolorum)

📌 Descrição:

O cancro da haste pode comprometer severamente a condução de seiva na planta, afetando a formação de vagens e grãos.

❗ Sintomas:

  • Lesões escuras e afundadas na base da haste
  • Murcha e seca das folhas superiores
  • Rachaduras longitudinais na haste

✅ Controle:

  • Uso de sementes certificadas e tratadas
  • Cultivares resistentes
  • Manejo adequado de plantio e rotação de culturas

7. Vírus da Necrose da Soja (Cowpea mild mottle virus – CPMMV)

📌 Descrição:

Transmitido principalmente pela mosca-branca, o vírus pode causar necrose, deformações e perdas consideráveis.

❗ Sintomas:

  • Nervuras amareladas
  • Folhas deformadas e encarquilhadas
  • Crescimento reduzido da planta

✅ Controle:

  • Controle da mosca-branca (Bemisia tabaci) com inseticidas seletivos
  • Plantio fora do pico populacional do vetor
  • Uso de sementes certificadas

Estratégias de Manejo Integrado de Doenças na Soja

Além do controle específico de cada doença, é fundamental aplicar uma estratégia integrada e preventiva que envolva:

🧬 1. Escolha de Cultivares Resistentes

Sempre que possível, utilize sementes com resistência genética às principais doenças da sua região.

🌾 2. Rotação de Culturas

Evite plantar soja em sucessão contínua. Rotacione com milho, sorgo ou braquiária para quebrar o ciclo de patógenos.

🧪 3. Tratamento de Sementes

Invista em fungicidas e inseticidas no tratamento de sementes, que protegem nos estágios iniciais da lavoura.

📆 4. Monitoramento e Calendário Sanitário

Respeite o vazio sanitário da soja, acompanhe o mapa de dispersão da ferrugem asiática e utilize aplicativos de monitoramento.

🧴 5. Aplicação correta de Fungicidas

  • Realize aplicações no momento ideal (preventivo ou início de infecção)
  • Alterne ingredientes ativos para evitar resistência
  • Use misturas de multissítios com sistêmicos

Conclusão

Conhecer as principais doenças que atingem a soja e saber como controlá-las é indispensável para quem deseja maximizar a produtividade, proteger o solo e manter a sustentabilidade do sistema de produção.

Com práticas integradas, o uso de tecnologia, variedades resistentes e uma boa estratégia de aplicação de fungicidas, é possível reduzir significativamente os impactos dessas doenças e garantir uma lavoura saudável e rentável.

Esteja sempre atento ao clima, histórico da área e informações técnicas atualizadas. Uma lavoura bem monitorada e manejada responde com resultados expressivos no campo e no bolso.

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